Viajar é uma das ferramentas mais poderosas para a transformação pessoal e social.
Foto: Matheus Dreher Schneider
A necessidade por maior representatividade e inclusão de pessoas pretas no turismo, impulsionou o surgimento da Bitonga Travel, que é hoje a maior rede de mulheres pretas do mundo. Ao todo mais de 250 mulheres já foram impactadas pelo trabalho que a agência realiza.
Viajar é um ato de liberdade, de pertencimento, ter acesso a novas culturas, estar em movimento é para todos. A Bitonga Travel, além de proporcionar essas experiências através de viagens, é também uma comunidade, um coletivo de mulheres negras que se unem, se apoiam e se fortalecem mutuamente.
A agência já realizou cerca de 21 viagens com destinos nacionais (Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Minas Gerais) e internacionais (África do Sul, Colômbia, Béligca, Holanda, Paris, Inglaterra, Namíbia, (Jamaica e Cuba em 2025)). Mais de 180 pessoas já viajaram junto com a Bitonga Travel.
Através de encontros regionais, em São Paulo e Salvador, por exemplo, essas mulheres negras tem a oportunidade de se conectarem e compartilharem suas experiências como viajantes. Além dos encontros presenciais, a Bitonga também atua no digital através das redes sociais como no instagram @bitongatravel, no spotify com um podcast de viagens, no site e nos grupos do Whatsapp. A Bitonga acredita que viajar é uma das ferramentas mais poderosas para a transformação pessoal e social.
O podcast da Bitonga, que esta concorrendo ao prêmio MPB de melhor podcast de viagens em 2024, está repleto de destinos e histórias inspiradoras. Um exemplo de inspiração dentro do coletivo é a de Josefa Feitosa, mais conhecida como Jô, que aos 64 anos já visitou 68 países e 4 continentes. Em 2024 sua história de vida virou peça de teatro. A peça Egoísta, esteve em cartzas lotando salas de teatros no Ceará e no Rio de Janeiro.
“Eu trabalhei por 30 anos no sistema penal e quando eu me aposentei, eu queria me libertar de tudo. Comprei uma passagem pra Belém, a minha intenção era conhecer alguns estados do Brasil, e acabei conhecendo muito mais, viajar foi muito mais fácil do que eu pensei, foi um sonho realizado. A Bitonga Travel foi uma salvação pra mim no momento da pandemia, lá comecei a me interessar mais por tecnologia, fazendo lives por exemplo, e desde então seguimos juntas, faço palestras e viagens com as meninas, sempre que posso faço questão de estar com o grupo, Conta Josefa Feitosa”
Desde 2018 a Bitonga Travel trabalha para compartilhar histórias de mulheres negras das Américas e África que viajam pelo mundo, proporcionando também experiências de viagens, com o objetivo de inspirar outras mulheres a seguir seus sonhos de viajar. A agência atua para mudar uma realidade excludente no turismo e criar espaços onde todas as mulheres negras possam se sentir acolhidas e representadas.
Em julho de 2024 a Bitonga Travel lançou um curta-metragem sobre a experiência de 25 mulheres negras entre 21 e 70 anos de diferentes parte do Brasil em uma viagem a Colômbia, para viverem uma experiência afro colombiana no Festival Petronio Alvaréz em Cali.
“O coletivo me fez reconectar com minha profissional, eu como turismóloga me via sempre questionando várias situações e me sentia sozinha, conhecer o coletivo deu sentido às minhas indagações e me fez perceber que não estava só, estamos apenas espalhadas. À partir das narrativas do coletivo transformei minhas inquietações em projeto de pesquisa, e se hoje estou no mestrado em educação é porque o coletivo existe, conta Joice Vasconcelos integrante da comunidade Bitonga Travel e do grupo que visitou a Colômbia.”