Em primeiro lugar, engana-se quem pensa que não existe população negra na Venezuela, neste texto iremos compartilhar um pouco sobre Améfrica e a História e Cultura Afrovenezuelana.
Antes de tudo, vale lembrar que a população preta venezuelana , autodeclarados negros e afrodescendentes é de aproximadamente 3,6%; segundo o senso de 2011. E a maioria das pessoas escravizadas na Venezuela exerciam a função de pescas de pérolas.
Um outro dado importante, é que em um determinado momento da história a quantidade de população africana chegou a quantidade de 406 mil habitantes para 200mil de europeus, ou seja, muito maior a quantidade de negros no país.
Assim como a porcentagem dea auto declarado é de se questionar. Lembrando que falamos de uma geolocalização de Caribe e América Latina, no meio de de 2 países que receberam a maior quantidade de pessoas africanas escravizada do mundo Brasil e Colômbia.
Vamos conhecer algumas terminologias?
Améfrica
Mas para que comecemos a falar sobre Venezuela, queria relembrar o perfeito debate trazido pela Lélia Gonzales nos anos de 1980, quando faz a menção da Améfrica – “América Africana” que sofreu uma forte influência negra na sua formação histórico-cultural.
Mambises
Assim eram chamados a população escravizada quando fugiam em busca de liberdade. O interessante, é que a a palavra deriva-se Mbi, voz africana, e consolidou-se como expressão de liberdade.
Cimarrones
É o termo usado para o que chamamos de Quilombo no Brasil.
Data da abolição da Escravidão na Venezuela
No ano de 1854, foi oficializada a abolição da escravidão na Venezuela por Nabuco de Araujo.
Antes de mais nada, vale lembrar que leis não impedia de ações ilegais de tal ato, ou seja, após a oficialização a escravidão continuou.
Um outro fato interessante que neste mesmo período o Peru também assinava também a abolição da escravidão em seu país.
José Leonardo Chirino
Conhecido como Chirino, nascido em 25 de abril de 1754. Filho de mãe indígena livre e pai negro escravizado, bem como, foi uma das pessoas mais importantes pela abolição da escravatura organizando a insurreição negra na Serra de Coro.
Chirino foi morto, em outras palavras, executado no dia 10 de dezembro de 1796, na praça Bolívar de Caracas. Assim como, teve a sua cabeça colocada em uma jaula a caminho de Coro e suas mãos cortadas na montanha.
Consequentemente a sua família também foi punida e a sua esposa e três filhos foram vendidos como escravos.
A comissão Presidencial Contra a Discriminação Racial
Em 2004, foi criada a Comissão Presidencial contra a discriminação racial no país venezuelano.
Dia 10 de Maio dia da Afrovenezolanidad
No ano de 2005, após luta de ativistas por reconhecimento da cultura e história africana na Venezuela, foi proposto o dia 10 de Maio, ou seja, a data da insurreição negra na Serra de Coro de tributo a luta contra a escravatura e liberação de povos africanos e descendentes no país.
A data possui atualmente mais de 225 anos, ou seja, uma luta que foi encabeçada por José Chirino.
Negro Primeiro – Pedro Camejo
De escravo ao exército da nação. Atuou como oficial de cavalaria (tenente) do exército venezuelano na Guerra da Independência. O apelido de Negro Primero pelo qual é conhecido foi inspirado por sua bravura e habilidade no manejo da lança.
Conselho Nacional para o Desenvolvimento das comunidades Afrodescendentes – Consejo Nacional para el Desarrollo de las Comunidades Afrodescendientes (CONADECAFRO)
Em 2011, assinou-se a lei contra a discriminação racial.
Neste mesmo ano também e criado o Instituto contra a discriminação racial (Incodir)
Procedência de pessoas escravizadas trazidos à Venezuela
Do mesmo modo que no Brasil, pelos poucos documentos que se tem acessíveis, podem se determinar a origem das pessoas escravizadas trazidas de forma involuntária e de maneira forçada à Venezuela vieram da costa do Golfo da Guiné (entre a Costa do Ouro e Benin) e a outra metade da região do Congo-Angola.
Afrovenezuelana – Argélia Laya mulher negra da Venezuela – Améfrica
Considerada uma das mulheres mais importantes da história da Venezuela. Sobretudo, um dos símbolos mais importante das mulheres Afrovenezolanas.
Argélia Mercedes Laya López (Río Chico, 10 de julho de 1926 – 27 de novembro de 1997) foi uma professora, ativista política, defensora dos direitos das mulheres e filósofa venezuelana. Bem como, trabalhou incansavelmente por seus ideais políticos e sociais.
Nasceu em uma fazenda de cacau, seu pai era um montonero e esteve várias vezes na prisão; assim como, sua mãe, integrante do “Grupo Cultural Feminino”, a ensinou a defender a condição de ser mulher e ser negra.
Além disso, fez parte do Partido Comunista na política de luta armada, ingressou no movimento guerrilheiro e passou à clandestinidade.
Percorreu a serra da Lara, como a “Comandante Jacinta”: durante seis anos preparou bombas molotov e empunhou uma espingarda; ou seja, esta mulher corajosa lutou diariamente contra a injustiça social.
Tambor Venezuelano
É uma expressão musical que tem sua origem de africanos escravizado, principalmente ao longo da costa do país. Dessa forma, práticas religiosas e tradições africanas se fundiram para formar uma mistura de ritmos populares repletos de canções e rituais. Cada zona foi assim desenvolvendo suas próprias cadências e projetando a ampla gama de tambores que conhecemos hoje.
Por fim: Améfrica Venezuela negra Afrovenezuelana…
Iniciei este texto com Lélia Gonzales, sendo assim, não seria diferente finalizar o trecho de um texto da mesma.
No racismo latino-americano, a alienação é alimentada através da ideologia do branqueamento cuja eficácia está nos efeitos que produz:
“O desejo de embranquecer (de ‘limpar o sangue’ é internalizado, como negação da própria raça e da cultura”.
Lélia Gonzales
Espero que este texto possa ter sidio útil e coloco ele aqui em aberto para que possamos continuar a escrever Améfrica: Venezuela negra – cultura Afrovenezuelana.
Acima de tudo, essas história só foi possível compartilhar após estar duas vezes na Venezuela e ver a necessidade de compartilhar neste blog, o que a mídia não nos conta!
Caso queira saber mais da Venezuela negra e da cultura Afrovenezuelana, te convido para povoar o meu Instagram Rebecca Aletheia.